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Origem elitista dos jornalistas é uma das raízes do problema
Para Beatriz, a pergunta “de onde vem o jornalista?” pode responder uma das origens da ausência de cobertura de políticas públicas na grande mídia. Grande parte dos que ingressam nos cursos de jornalismo são filhos de classe média ou alta, assim, “as grandes mazelas sociais não fazem parte do cotidiano desses futuros jornalistas”.
Outra origem da questão destacada pela jornalista é a formação do comunicador: mais técnica do que humanista e com foco no mercado. Essa formação também não possui, de acordo com ela, uma oferta de conhecimentos mínimos sobre o tema políticas públicas.
Em um segundo bloco de situações que podem causar essa ausência de cobertura, estão as condições de trabalho dos jornalistas. Segundo Beatriz, com as redações bastante enxutas, condições precárias de trabalho, a informação transformada em lucro e a falta de independência do jornalista na escolha da pauta, o resultado é um jornalismo que não aborda as questões que atingem a maioria da população.
Ainda uma terceira raiz do problema apontada por Beatriz é a concentração dos meios de comunicação. A jornalista lembra que apenas 9 famílias controlam 85% da informação no Brasil, apesar do artigo 220 da nossa Constituição proibir o monopólio.
“Só falta fabricarem as pessoas que vão assistir aos programas!”, brinca, sobre o fato de uma mesma empresa deter todo o processo de produção e distribuição da informação.
Soluções
Nas redações, uma formação continuada dos jornalistas, a investigação de dados e informações públicas, a cobertura do processo das políticas públicas, podem, de acordo com a palestrante, serem passos na solução do problema. Além disso, a prática de ouvir os beneficiários dessas políticas e de estabelecer canais de comunicação entre a população e a imprensa, como ouvidorias e a própria figura do ombusdman, seriam iniciativas importantes.
Na universidade, a criação de disciplinas obrigatórias específicas sobre as políticas públicas e projetos de extensão, também atuariam nesse sentido.
Essas iniciativas, para Beatriz, devem ser somadas a outras com foco específico na sociedade em geral, como a criação de disciplinas nas escolas sobre leitura crítica da mídia e a própria formação do cidadão sobre o papel da Estado e da Sociedade. Nesse sentido, o direito à comunicação deve ser entendido como um direito tão importante quanto qualquer outro.
“Mas enquanto não entendermos que a notícia deve ser de interesse público e entendermos o ser humano como sujeito da história, não mudaremos esse diagnóstico”, afirmou Beatriz Barbosa. A jornalista mencionou ainda que quando se trata de políticas públicas de comunicação, aí é que o tema não aparece de maneira nenhuma na grande imprensa.
Raquel Júnia
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