terça-feira, 27 de janeiro de 2009

PT/RS e Busatto: em busca da política



Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, em seu livro Em busca da política (Jorge Zahar Editor), lá pelas tantas reflete sobre a afirmação de Castoriadis, filósofo grego, de que o grande problema enfrentado por nossa civilização é o fato de que ela parou de se questionar.

Contribui para o isso o liberalismo que nos dias de hoje se resume a um credo que louva e promove o conformismo, à medida que busca fazer com que acreditemos que não há alternativa.

O polonês provoca: mas como não nos conformarmos, com essa política em que já não existe programa, em que os políticos são impotentes e cujo único objetivo é se manter nos cargos? Como não se conformar, se os políticos de todas as cores falam e prometem as mesmas coisas?

Bauman e Castoriadis desejam uma política em que mudanças de governo e de campo político signifiquem um divisor de águas, não uma simples ondulação na superfície de um rio a correr sem parar, monotonamente, com sombria determinação, em seu leito, levado por seu próprio ímpeto.

Recentemente, tivemos mostra dessa despolitização da política. A fala a seguir é de Jairo Jorge, prefeito de Canoas, sobre a reação do PT/RS à nomeção de Busatto como seu assessor (Zh 20/01/2009):

"Não me subordino nem concordo. O PT sai com uma imagem que não é boa. Meu gesto as pessoas de bom senso vão entender. O PT que eu desejo não é o PT do isolamento, é o PT que tenha capacidade, sim, de construir um novo bloco político humilde, sem arrogâncias com seus parceiros. A política gaúcha se movimenta nos últimos 15 anos sobre a lógica do paradigma do conflito, do ódio, do nós e eles."

Jorge demonstra não compreender o que significa projeto político distinto. Ou programa. Confunde-os com arrogância e ódio...

Nesses tempos em que mais do que nunca é importante repetir o óbvio, com a fala Raul Pont:

"A trajetória política do ex-deputado Cezar Busatto entra em contrariedade com o projeto político-ideológico, e com a forma que pensa e age o Partido dos Trabalhadores em suas administrações no Executivo e na Assembléia Legislativa."

Didático, não? O conflito ideológico, o debate entre diferentes concepções de mundo, o enfrentamento entre projetos políticos não são aberrações... pelo contrário, são características fundamentais para que possamos seguir adiante em busca da política.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse debate deve ser fomentado. É possível "alianças" entre pessoas e/ou partidos com propostas políticas-ideológicas em campos opostos, ou seja, entre progressistas e digamos "moderados"? Ou entre direita e esquerda? Ou entre cidadãos e usurpadores de direitos? Fica difícil na nossa sociedade, atualmente, qualquer posicionamento progressista, pois parecemos "marcianos". Só falta alguém bater em nosso ombro e dizer:" Ei, aqui não é Marte!" Dora Freitas